Vivemos
numa época de mudanças. Se o século XX era chamado de “o século da produção de
massa”, o século XXI, ganha novas denominações: “era da globalização”, “era da
informação”, “sociedade do conhecimento”, “sociedade do espetáculo”, “sociedade
das ilusões”, entre outros.
Nesse
breve texto, convido você a refletir acerca das questões que mais impactam a
nossa prática pedagógica e alguns desafios que se colocam em nosso cotidiano na
contemporaneidade.
Observamos
que no mundo atual as relações entre a sociedade e o espaço são mediadas, cada
vez mais, pela tecnologia da informação. Ao mesmo tempo em que essas
tecnologias conectam pessoas em vários lugares do mundo, ampliam
significativamente as desigualdades entre pessoas, mercados e países.
Estamos
diante de um mundo que nos surpreende com novas formas de organização de
produção e de consumo, novas tecnologias, novos conflitos que redefinem as
relações de poder entre os países, e, novas relações entre as pessoas.
Os
reflexos dessa sociedade fragmentada se mostram principalmente na Escola, pois
como nos diz, Alfredo Veiga Neto quando questionado sobre a crise que assola a
Educação, “a crise que se sente na
educação é a manifestação de uma crise maior, mais ampla: a grande crise de
esgotamento dos valores, das formas de pensar e estar no mundo que foram
constituídas na modernidade” (VEIGA NETO, Alfredo & LOPES, Maura
Corcini. Os Meninos. Texto apresentado no Simpósio Luso-Brasileiro de
Currículo, Rio de Janeiro, 2004).
Consideramos
que seja relevante também descrever um pouco o contexto dos jovens, aqueles que
estão diretamente na escola. O jovem de hoje se encontra conectado ao mundo
virtual, geração denominada por muitos estudiosos, como a “Geração Homo Zappiens”,
os chamados nativos digitais.
Mas
o aspecto mais inquietante para nós é observar que em meio a tudo isto, o jovem
não consegue, digamos assim, utilizando a linguagem computacional, se conectar
com profundidade. Ao mesmo tempo em que estão mergulhados no ciberespaço, com
dezenas de amigos nas redes sociais, muitos se encontram solitários. Ao mesmo
tempo em que curtem várias fotos, pensamentos e palavras de seus “conhecidos
virtuais” ou “seguidores”, eles não curtem o diálogo com seus pais ou com os
mais próximos.
Temos
claro que este cenário é fruto de um esfacelamento dos relacionamentos sociais
e familiares, que causa o vazio e o empobrecimento de amizades, sensação de
desamparo e incompletude. É a sensação de estar só perante a multidão, com a
falta de vínculos afetivos parentais, numa sociedade marcada pelas
superficialidades nas relações. O que muitos estudiosos, denominam de “Cultura
do Narcisismo”, “onde o indivíduo
debate-se numa acirrada competição para ter direito a um ´lugar ao sol´, onde
predomina a ´lei do mais capaz´, ou pelo menos, a lei daquele que aparenta ser
bem-sucedido”.
Mas
o que Escola tem a ver com tudo isto?
Acreditamos
que a escola tem um importante papel frente a este cenário. É para este
contexto que a escola precisa buscar respostas e contribuir para que tudo isto
seja transformado. Eis o grande desafio: construir uma outra escola. Uma escola
que procure “dar uma resposta ao novo
perfil de juventude, ao novo perfil de família, às novas exigências da
sociedade”.
Acreditamos que a educação é um
processo de formação,
de construção contínua, de socialização, de criação, de partilha e de produção
do conhecimento, onde a educação tem de ser acima de tudo “uma crítica à
cultura”, aos “valores” predominantes, não sempre justos nem adequados”, e na
maioria das vezes altamente excludente e desigual.
M.Sc.
Delamare de Oliveira Filho
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